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Que modelos da Mercedes enferrujam? Guia Portugal

Que modelos da Mercedes enferrujam? Guia Portugal

A Mercedes‑Benz já é sinónimo de durabilidade, engenharia de qualidade e luxo. Em Portugal, muitos conhecem histórias de viaturas que ultrapassam centenas de milhares de quilómetros ou que passam de geração em geração. A ideia de um Mercedes “blindado”, que resiste ao tempo, à estrada e aos elementos, está bem enraizada no imaginário automóvel.

Mas a relação entre Mercedes e a corrosão é bem mais complexa. Esta é uma história de precisão de engenharia, de erros de poupança, e de recuperação gradual da confiança dos clientes. Para quem hoje pondera comprar um Mercedes usado em Portugal, conhecer essa história pode significar a diferença entre adquirir uma estrela ou apenas uma armadilha enferrujada.


O mito da fiabilidade – a era dourada da engenharia Mercedes

Para entender por que a crise da ferrugem nos anos 90 foi tão traumática, é preciso recuar até uma altura em que Stuttgart era governado pelos engenheiros, não pelos contabilistas. Até aos anos 90 vigorava a filosofia do “over‑engineering” — veículos concebidos com reservas generosas de segurança e robustez.

O objetivo não era fabricar um carro que sobrevivesse apenas à garantia — era construir automóveis que pudessem servir por décadas com manutenção relativamente básica. Dois modelos icónicos exemplificam essa filosofia:

  • O Mercedes W124, frequentemente considerado um dos veículos mais sólidos da marca,

  • E o W201, também conhecido como “190”.


Mercedes W124 – a lenda da robustez

Produzido entre 1984 e 1997, o W124 continua hoje em muitas estradas. A sua construção robusta, os materiais de qualidade e a espessura das chapas fizeram dele uma referência de durabilidade.

Mas nem todo W124 escapa à ferrugem — depois de tantas décadas, os sinais aparecem. A diferença é que a corrosão evolui muito devagar e em locais previsíveis:

  • nos pontos de elevação sob os umbrais,

  • nas arestas inferiores dos guarda‑lamas dianteiros junto ao pára‑choques,

  • nas bordas das cavas das rodas,

  • nas bases das portas (especialmente nas versões com frisos que acumulam humidade).


Mercedes W201 – compacto, mas sólido

O W201 (1982–1993) partilha muito do ADN do W124: robustez, simplicidade mecânica e estrutura confiável. Um ponto típico de fraqueza:

  • as junções sob os guarda‑lamas dianteiros — a massa de vedação original, com o tempo, perdia eficácia e permitia infiltração de humidade.

O que tornava esses modelos especiais era o facto de a ferrugem surgir de maneira lenta e previsível, o que permitia aos donos e mecânicos intervir cedo. A corrosão era consequência do uso e envelhecimento, não um defeito estrutural.

Os anos 90: quando a contabilidade venceu a engenharia

A meio da década de 1990, tudo mudou. A Mercedes enfrentou pressão para reduzir custos, e isso também chegou às fábricas em Stuttgart. Ao mesmo tempo, novas normas ambientais obrigaram a indústria automóvel a abandonar tintas com solventes e a adotar tintas à base de água — que na altura ainda estavam longe da perfeição.

A marca cometeu dois erros de uma só vez:

  1. Implementou uma tecnologia de pintura ainda imatura,

  2. E reduziu a qualidade da proteção anticorrosiva das chapas.

O resultado foi um desastre — tanto em termos de qualidade como de imagem.


Mercedes W210 – o símbolo do declínio

O W210, mais conhecido como “Olhos de Boi”, foi lançado em 1995. Apresentava um design moderno e confortável, mas a sua resistência à ferrugem era extremamente fraca. Em alguns casos, os primeiros sinais de corrosão apareciam em veículos com apenas 2 ou 3 anos.

E não se tratava de manchas superficiais — a ferrugem atacava de forma agressiva:

  • guarda‑lamas dianteiros,

  • arestas das portas,

  • umbrais,

  • tampa da bagageira (especialmente junto à fechadura e frisos),

  • e no caso das carrinhas, até o tejadilho junto às barras.

O problema mais grave, no entanto, era a corrosão das bases das molas dianteiras. Se estas falhassem em andamento, a roda podia entrar pelo guarda‑lama, colocando a segurança em risco.


W202 e W220 – o problema alastrou

A crise de qualidade não se limitou ao W210. O Classe C (W202), mais compacto, também sofria com ferrugem generalizada:

  • nas cavas das rodas,

  • debaixo das borrachas das janelas,

  • nos umbrais,

  • e nas partes inferiores do chassis.

Houve mesmo quem dissesse que o carro enferrujava mais depressa do que era possível repará-lo.

Mais grave ainda foi o impacto no Classe S (W220) — o modelo topo de gama da Mercedes. Apesar do preço elevado e imagem de luxo, os proprietários começaram a encontrar ferrugem nas partes inferiores das portas e nas cavas das rodas — mesmo em unidades com pouco tempo de uso.


Vito W638 – o pior exemplo

O Mercedes Vito W638, fabricado em Espanha, tornou-se o exemplo mais extremo desta crise. A poupança foi levada ao limite:

  • chapas de baixa qualidade,

  • praticamente nenhuma proteção anticorrosiva.

O resultado foi evidente: unidades com poucos anos já apresentavam perfurações na carroçaria. Muitos destes veículos acabaram sucateados em Portugal, após tentativas frustradas de recuperação.


O impacto no mercado português

No mercado português de usados, ainda se encontram muitos W210, W202 e W220 à venda, com aspeto aparentemente bom. Mas é frequente que tenham sido recentemente pintados, escondendo sinais graves de ferrugem.

Por isso, ao avaliar um Mercedes usado, é essencial fazer uma inspeção cuidada da carroçaria — sobretudo por baixo, nos interiores dos guarda‑lamas, nos pontos de soldadura e atrás de frisos.

O regresso aos padrões de excelência – primeiros sinais de mudança

Perante a perda de confiança dos clientes, críticas públicas e vendas em queda, a Mercedes foi forçada a reagir. As primeiras melhorias reais surgiram com o sucessor do W210 – o modelo W211, lançado em 2002.


Mercedes W211 – um grande avanço

Comparado com o seu antecessor, o W211 foi uma mudança notável. A resistência à corrosão foi consideravelmente melhorada, graças a:

  • melhorias no processo de pintura,

  • uso mais eficiente de revestimentos protetores,

  • e um controlo de qualidade mais rigoroso na fábrica.

Na prática, isso significou que a ferrugem deixou de aparecer após apenas dois invernos, como acontecia com o W210. Mas atenção: a corrosão ainda podia surgir, especialmente em veículos com mais de 10 anos, particularmente em condições de elevada humidade ou falta de manutenção.

Áreas problemáticas típicas nos W211:

  • tampa da bagageira (sobretudo nas carrinhas),

  • elementos inferiores do chassis,

  • e pontos onde a tinta se danificou por impactos.


A viragem real – Mercedes pós-2007

O verdadeiro regresso à fiabilidade de topo começou a partir de 2007, com o lançamento de novos modelos concebidos com tecnologias modernas de produção e proteção anticorrosiva.

Dois destaques desta fase:

  • Mercedes Classe C W204 (2007–2014)

  • Mercedes Classe E W212 (2009–2016)

Ambos os modelos deixaram para trás as fragilidades das gerações anteriores e começaram a restabelecer a reputação da marca em durabilidade e confiança.


O que mudou na produção?

  1. Chapas galvanizadas (zincadas) – grande melhoria na resistência à humidade e salinidade.

  2. Pintura multicamada de alta durabilidade, com melhor aderência e elasticidade.

  3. Tratamento de superfície Oxsilan – substituiu o antigo método de fosfatação e aumentou a durabilidade da tinta.


Como estes modelos se comportam em Portugal?

Nos climas húmidos do norte e nas regiões costeiras do país, modelos como o W204 e o W212 mostraram-se sólidos. Mesmo expostos à maresia ou ao sal nas estradas no inverno, apresentaram resistência muito superior às gerações dos anos 90.

A manutenção básica – lavagens regulares, aplicação de cera, verificação de borrachas e juntas – é suficiente para manter estes carros em excelente estado ao longo dos anos.


Único problema notável: “sancas” traseiras no W204

Um dos poucos pontos fracos relatados é a estrutura auxiliar traseira (subframe) do W204, onde pode surgir corrosão superficial. No entanto, este problema foi reconhecido pela marca e, em muitos casos, resolvido em campanhas de assistência gratuita.


Conclusão desta fase

Se procuras um Mercedes usado com:

  • boa resistência à ferrugem,

  • construção sólida,

  • e custos de manutenção controláveis,

então o W204 e o W212 são excelentes opções no mercado português.

Combater a ferrugem: prevenção e reparação eficiente

Independentemente do modelo ou ano de fabrico, a ferrugem é um problema real — especialmente em Portugal, onde as estradas costeiras, a humidade e o uso de sal nas zonas de montanha podem acelerar a corrosão. Felizmente, com os devidos cuidados, é possível prevenir e controlar este inimigo silencioso.


Cuidados essenciais para proteger a carroçaria

  1. Lavagem regular do chassis – sobretudo no inverno ou após circular junto ao mar. A sujidade e o sal acumulam-se em zonas difíceis de ver, como os guarda-lamas e os encaixes dos para-choques.

  2. Enceramento da pintura – duas vezes por ano (idealmente no outono e primavera). A cera forma uma camada protetora que reduz a aderência de humidade e detritos.

  3. Reparação imediata de riscos ou lascas – qualquer exposição do metal pode dar início à corrosão. Pequenos danos devem ser retocados rapidamente.

  4. Inspeção visual periódica – verifica regularmente as áreas típicas: fundos das portas, bases dos guarda-lamas, cavidades das rodas, longarinas e zonas junto aos escoamentos de água.


Tratamento anticorrosivo profissional – vale a pena?

Para modelos mais antigos (pré-2007) ou clássicos como o W124 ou W201, vale muito a pena investir numa proteção anticorrosiva profissional, sobretudo se pretendes manter o carro a longo prazo.

Este tipo de serviço envolve:

  • Remoção de proteções plásticas e limpeza profunda do chassis,

  • Desbaste e tratamento químico das zonas já afetadas,

  • Aplicação de primário epóxi anticorrosivo,

  • Revestimento com massa protetora flexível (à base de cera ou polímero),

  • Injeção de produto protetor nas cavidades internas da carroçaria, como os reforços das portas, soleiras e pilares.

Com este tipo de intervenção, até um Mercedes com 20 ou 30 anos pode continuar fiável e bem conservado por muito mais tempo.


Reparações de chapa: o que resulta e o que é apenas paliativo

Se a ferrugem já apareceu, é importante saber como reparar corretamente. Muitas oficinas oferecem “remendos rápidos” que consistem apenas em lixar, aplicar massa e pintar por cima. Isto raramente dura mais de 1 ou 2 anos.

A única solução duradoura é:

  • Cortar a chapa afetada,

  • Soldar um novo painel de substituição,

  • Tratar e proteger a zona por dentro e por fora.

Sim, é um processo mais caro e trabalhoso, mas é o único que garante que o problema não volta a aparecer no mesmo sítio.


Onde encontrar painéis de substituição de qualidade?

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Seja para restaurar um clássico ou proteger um modelo mais recente, começar com as peças certas faz toda a diferença.

Comparativo de corrosão nos modelos Mercedes

Modelo / Geração

Anos de produção

Resistência à corrosão

Problemas comuns

Viabilidade de compra

W124 (“Batonete”)

1984–1997

Alta (para os anos 80/90)

Soleiras, cavas das rodas, fundo das portas

Excelente para entusiastas

W201 (“190”)

1982–1993

Alta

Juntas sob os guarda‑lamas dianteiros

Boa escolha para colecionadores

W210 (“Olhos de Boi”)

1995–2002

Muito baixa

Bases das molas, guarda‑lamas, portas, bagageira

Alto risco – exige atenção extra

W202 (Classe C)

1993–2000

Muito baixa

Chassis, soleiras, cavidades das portas

Potencialmente dispendioso

W220 (Classe S)

1998–2005

Baixa

Bordas das portas, cavas das rodas

Apenas em excelente estado

Vito W638

1996–2003

Muito fraca

Perfuração da carroçaria, oxidação generalizada

Não recomendado

W211 (Classe E)

2002–2009

Média-alta

Tampa da bagageira (carrinha), partes do chassis

Compra razoável com inspeção

W204 (Classe C)

2007–2014

Alta

Corrosão na subestrutura traseira (pontual)

Excelente escolha

W212 (Classe E)

2009–2016

Alta

Pequenos problemas nos primeiros anos

Uma das melhores opções atuais


Conclusão – que Mercedes escolher?

Comprar um Mercedes usado em Portugal pode ser uma excelente decisão — desde que se saiba avaliar corretamente o estado da carroçaria.

Mesmo um carro com mecânica impecável pode perder todo o seu valor se tiver problemas sérios de ferrugem.

Escolhas mais seguras:

  • Modelos pós‑2007 (W204, W212) – com excelente proteção anticorrosiva de fábrica e construção moderna.

Clássicos verdadeiros:

  • Modelos da “era da engenharia” (W124, W201) – muito valorizados entre colecionadores e restauradores. Mas só valem o investimento se a carroçaria estiver em bom estado.

Opções arriscadas:

  • Modelos da “era da crise” (W210, W202, W220, Vito W638) – podem ser baratos à compra, mas escondem custos elevados com chapa e pintura.


Recomendações finais

Quando fores ver um Mercedes usado, leva sempre um bom mecânico contigo — mas também presta atenção aos detalhes de carroçaria. Procura sinais de pintura recente, manchas suspeitas, ferrugem em dobradiças ou nos cantos dos painéis.

Se estás a pensar restaurar um modelo clássico ou simplesmente prolongar a vida do teu carro, escolhe peças de substituição fiáveis e bem ajustadas:

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